"Ser espectador de algo é distanciarmo-nos dos acontecimentos e procurarmos o melhor ângulo para vê-los. Quando estamos muito próximo dos acontecimentos, corremos o risco de nos envolvermos demasiadamente e não vermos o acontecimento como ele realmente é. O estar demasiado próximo do acontecimento é perigoso!" Este foi o início da minha aula de ontem, na Universidade Nova de Lisboa...
Segundo o Professor Jacinto Godinho, na Grécia antiga, o Teatro era um dispositivo onde os espectadores podiam ver algo de modo distanciado e, dessa forma, estabelecerem juízos de valor. O ser espectador, desde essa altura, está ligado, portanto, ao acto de julgar. Assim, pode-se dizer que o distanciamento nos aproxima da verdadeira essência do acontecimento porque nos permite ver as coisas como elas realmente são.
Se considerarmos que a Televisão é uma extensão virtual do Teatro e transportarmos isto para um Documentário ou uma Reportagem Televisiva, podemos dizer que o jornalista, através de uma história, deve passar ao espectador uma experiência que o faça pensar, criar juízos de valor e tirar proveito disto para a sua vida quotidiana. Se, ao invés disso, o jornalista despertar o medo e o pânico nos espectadores, podemos dizer que o seu documentário ou a sua reportagem não atingiu o objectivo que ele deveria atingir.
Segundo o Professor Jacinto Godinho, na Grécia antiga, o Teatro era um dispositivo onde os espectadores podiam ver algo de modo distanciado e, dessa forma, estabelecerem juízos de valor. O ser espectador, desde essa altura, está ligado, portanto, ao acto de julgar. Assim, pode-se dizer que o distanciamento nos aproxima da verdadeira essência do acontecimento porque nos permite ver as coisas como elas realmente são.
Se considerarmos que a Televisão é uma extensão virtual do Teatro e transportarmos isto para um Documentário ou uma Reportagem Televisiva, podemos dizer que o jornalista, através de uma história, deve passar ao espectador uma experiência que o faça pensar, criar juízos de valor e tirar proveito disto para a sua vida quotidiana. Se, ao invés disso, o jornalista despertar o medo e o pânico nos espectadores, podemos dizer que o seu documentário ou a sua reportagem não atingiu o objectivo que ele deveria atingir.
Quando se transmite um documentário sobre a SIDA (AIDS), por exemplo, o jornalista deve procurar transmitir a experiência de uma pessoa que tem esta doença a fim de que os telespectadores evitem os comportamentos de risco. Mas, se ao transmitir esta história, ao invés de conseguir fazer com que as pessoas se precavêem, instaura-se o medo e o pânico, então a mediação do jornalista não atingiu o seu objectivo. Criou-se uma história sensacionalista, um espectáculo, enfim... criou-se o Medo!
Por isso o jornalista deve sempre saber o seu limite. Deve sempre saber até onde ele pode ir para que a experiência que ele pretenda passar surte o seu efeito e não apenas produza o medo e o pânico.
5 comentários:
Segundo Pierre Bourdieu, a televisão exerce uma forma de “monopólio sobre a formação dos cérebros” de uma parte importante da população, sobretudo daquela que não tem tão facilmente acesso a outros meios de informação que não sejam os da TV, “preenchendo o tempo raro com vazio, com nada ou quase-nada, afastando as informações pertinentes que o cidadão deveria possuir para poder exercer os seus direitos democráticos” .
Os jornalistas assumem um papel fundamental quanto à transmissão da realidade difundida pela TV, pois operam uma selecção e uma construção das informações que são emitidas. Para Bourdieu, estes profissionais usam uma espécie de “óculos que vêem certas coisas e outras não”. Esse princípio de selecção liga-se à busca do sensacional, do espectacular, o que rompe com o habitual, mas que em nada altera as formas de pensar e reflectir sobre o mundo. Além disso, a imagem traz consigo a agravante de poder produzir o que o sociólogo chama “efeito do real”, ou seja, “poder fazer ver e fazer crer no que faz ver” . Portanto, a selecção realizada pelos jornalistas designa uma forma de censura acerca das acções e discursos transmitidos, moldando o posterior debate público sobre os mesmos.
Sendo assim, é preciso pensar qual é o papel e o lugar da televisão no espaço público e o seu processo de espectacularização do dispositivo televisivo, como argumenta o filósofo espanhol Gonzalez Requena , que também sustenta que a televisão tende a transformar-se no único espectáculo. Ou, segundo Gilles Lipovetsky , nada existe se não aparece na televisão.
Por isto, será que é preciso estar lá?????
Fernando Moura
Acho a visão de Bourdier um tanto quanto pessimista... Não acho que a TV é esse bicho papão todo! Considero-a democratizante a partir do momento que todos podem ver o mesmo espectáculo. Enquanto no Teatro grego todos viam o espectáculo, mas uns estavam sentados mais próximos e outros mais distantes, através da TV há uma democratização da visão do espectador visto que todos vêem o espectáculo do mesmo ponto. O problema é que hoje o espectador está cada vez mais esquecido, a preocupação com o espectador está cada vez menor... o espectador é aquele que vê, mas já não é mais visto, ou melhor, já não tem a visibilidade que tinha na época do teatro grego, quando ia ao teatro para ver, mas tb era observado.
A espectacularização do espectáculo televisivo é mesmo isso, é a disposição quase trágica das pessoas frente ao ecrã do televisor. A diferença, é verdade que hoje não participamos, não estamos lá. Mas por outro lado, e mais do que nunca, o espectáculo que caracteriza a televisão contemporânea,“Não é a disseminação de informações, apresentadas enganosamente como conhecimentos, o objectivo não é ensinar: o objectivo primeiro da televisão é conquistar, manter e permanentemente ampliar audiência e, para tanto, é preciso que cada vez mais o espectáculo se faça presente, sempre de maneira original, explorando-se novas combinações de códigos, de géneros, de estilos que a tecnologia facilita” (Gomes, 1997)
Por outro lado, não todos vêm do «mesmo lugar», não todos possuem o mesmo olhar frente as coisas. A pontos de vista, e estes em geral, tem a ver com a escolaridade, status social, posicionamento, etc.
“A cada classe de posições corresponde uma classe de Habitus (ou de gostos) produzidos pelos condicionamentos sociais associados à condição correspondente, e por intermédio desses Habitus e das suas capacidades geradoras, um conjunto sistemático de bens e de propriedades, unidos entre si por uma afinidade de estilos” já que “às diferentes posições que os grupos ocupam no espaço social correspondem estilos de vida, sistemas de diferenciação que são a reprodução simbólica de diferenças objectivamente inscritas nas condições de existência" no sentido de que decorrem do mesmo operador prático, o Habitus. (Bourdieu)
Penso, que não se pode comparar a sociedade actual, moderna, multifacetada com a sociedade grega, de Atenas. Não é possível, comparar as duas sociedades. São consequências da sociedade moderna que passam por modificações no modo de vida nas sociedades tradicionais e modernas tradicionais, nas primeiras a maior participação de todos nos problemas locais, todos "eram vistos", hoje isso é impossível.
Por isto a TV não é democratizadora, pelo contrário, acho que é homogeneizadora, já que é detida por o status quo da sociedade.
Segundo a poética de Aristóteles, "O homem tem o o Gato para poder afagar o Tigre". Na época do Teatro grego tinhamos o Teatro para poder afagar a tragédia e conseguirmos a experiência do juízo. Hoje... temos a TV!
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