segunda-feira, novembro 01, 2010

Em Portugal, Dilma também vence e segundo turno decorre de forma tranquila

Como no primeiro turno, pouco mais de 4 mil brasileiros (34,3%), ou seja, cerca de 1/3 do eleitorado brasileiro cadastrado para votar em Lisboa (Portugal) o fizeram neste segundo turno. A candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, continuou com a preferência deste eleitorado, conquistando um resultado, ainda sujeito a aprovação do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, de cerca de 57,9% dos votos válidos (no primeiro turno ela havia conquistado 57%). Mas se no primeiro turno, o candidato José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ficou em segundo lugar, com cerca de 29% dos votos válidos; e Marina Silva, candidata do Partido Verde (PV), com cerca de 15% dos votos válidos, pode-se dizer que, neste turno, Serra conquistou o eleitorado de Marina, subindo para cerca de 42,1% da preferência.

Na cidade do Porto os resultados não foram muito diferentes. Cerca de 35% dos cadastrados compareceram às urnas, e dos votos válidos, 58% foram para a candidata do PT e 42% para o candidato do PSDB.

Em Portugal as votações são só para Presidente e acontecem somente na capital Lisboa e na cidade do Porto. Este ano, diferentemente dos anos anteriores, e devido ao grande número de eleitores cadastrados (mais de 23 mil), as votações não puderam ser realizadas nem na Embaixada do Brasil em Lisboa e nem no Consulado Geral do Brasil no Porto. Os locais escolhidos foram a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e o Hotel Ipanema Porto.

Como no Brasil, as eleições realizaram-se das 8h00 às 17h00 (horário de Lisboa), através do sistema de urna eletrônica.

Este segundo turno em Lisboa foi marcado por uma maior ordenação na recepção dos eleitores. Diferentemente do primeiro turno, foram afixados, logo à entrada da Faculdade de Direito, os nomes e respectivas secções onde cada cidadão deveria votar. Deste modo, aqueles que já tivessem o título de eleitor, ou qualquer outro documento brasileiro com foto, bastavam verificar para qual das 31 secções deveriam se dirigir. Os eleitores cadastrados que ainda não tivessem buscado o título de eleitor no Consulado do Brasil em Lisboa, poderiam fazê-lo num local da faculdade que foi destinado exclusivamente para isto. Isso evitou uma certa confusão verificada durante o primeiro turno, onde tanto aqueles que só pretendiam saber em qual secção votar, como aqueles que queriam pegar o título, tiveram de fazê-lo no mesmo local.

Nomes e secções são afixadas na entrada da Faculdade de Direito de Lisboa
No entanto, o mesmo não pôde ser dito do que se passou do lado de fora da faculdade, antes dos portões se abrirem. A estudante paulistana Bárbara Nankin, que vive em Lisboa há dois anos, reclamou da falta de organização do lado de fora da faculdade: “Cheguei às 7h00 e já haviam pequenos grupos formados em ambos os lados dos portões. Não dava para saber de que lado era fila, e nem onde ela começava. Como ninguém veio avisar e também não havia ninguém para perguntar, escolhi um dos lados e só depois descobri que havia escolhido o lado errado. Ou seja, não adiantou nada chegar às 7h00!” Entretanto, após ter votado, Bárbara confessou que, “desta vez, aqui dentro, está tudo muito mais organizado. Foi melhor este “esquema” do que o que fizeram no primeiro turno.”

Como Bárbara, a dona de casa maranhense Maria Pinheiro, que vive há 12 anos em Portugal, na cidade de São Domingos de Rana (há cerca de 20 quilómetros da Lisboa), também optou por votar mais cedo neste turno. “No primeiro turno foi muito confuso, ninguém sabia explicar nada e, por isso, desta vez, resolvemos vir bem cedo”. Ela, o marido e a filha foram uns dos primeiros a votarem e também revelaram que, “desta vez, foi mais tranquilo”.

Do lado de fora da faculdade, as pessoas não sabiam de que lado formava-se a fila
Como no primeiro turno, os portões da Faculdade de Direito de Lisboa abriram às 8h05 e, mais uma vez, o mau tempo fez com que apenas 70 pessoas já estivessem à espera. Novamente, Francisco Oliveira foi o primeiro da fila. Este fisioterapeuta carioca, que já está em Portugal há 29 anos e vive na cidade de Mafra (há cerca de 50 quilómetros de Lisboa), chegou à mesma hora da eleição anterior, às 6h10, porque mais tarde tinha outros compromissos. Mas se, da primeira vez, Francisco votou na candidata do Partido Verde Marina Silva, desta vez confessou que, “agora não teve jeito, tive que votar na Dilma”.
O empresário mineiro Paulo Roberto Alvez com o fisioterapeuta carioca Francisco Oliveira, o primeiro da fila novamente
Mas nem todos os primeiros da fila o são por convicção. A babá Carmelita Lima e o marido, naturais da Bahia e residentes em Lisboa há 5 anos, chegaram às 6h20, ocupando os segundo e terceiro lugares da fila, respectivamente, mas isto só aconteceu porque, “o horário mudou e eu não sabia! Só aqui fiquei sabendo que hoje entramos no horário de inverno e que tínhamos que atrasar o relógio em uma hora”, confessou. Carmelita disse ainda que se não fosse obrigada a votar não votaria. “A gente já trabalha a semana toda e ainda tem que vir aqui no Domingo, com esse frio? Para quê? Independente de quem ganhe, nunca, ninguém, faz nada pela gente mesmo”, lamentou. Mesmo assim, esta baiana que tem dois filhos, um de 9 e outro de 14 anos, garantiu que, quando os filhos estiverem criados, pretende voltar ao Brasil.

O próximo a chegar foi o empresário mineiro Paulo Roberto Alvez que, assim como os cidadãos anteriores, também referiu só votar por ser obrigatório. “Vivo em Lisboa desde 1990 e sempre votei porque sou obrigado. Mas não concordo com isso. Acho que num país democrático deveríamos poder escolher se queremos ou não votar”, salientou.

Nestas eleições houve também quem não tivesse votado no primeiro turno. Este foi o caso da vendedora fortalezense Bruna Magalhães, que vive há 5 anos em Almada (há 15 quilômetros da capital) e disse não ter votado da primeira vez porque, “estava trabalhando e esqueci-me completamente”. No entanto, garantiu: “Mas vou justificar!”

23.182 brasileiros encontram-se cadastrados para votar em Portugal. Pouco mais de 12 mil em Lisboa e quase 11 mil no Porto (segundo dados do TSE). Os brasileiros que votam em Lisboa vivem nas regiões centro e sul do País, para além das ilhas da Madeira e dos Açores; e os que votam no Porto residem na região norte de Portugal. Trata-se do segundo maior colégio eleitoral fora do Brasil, só ficando atrás dos Estados Unidos.

Também neste turno fatores como a chuva, a proximidade com o feriado de hoje, e o fato dos brasileiros que vivem longe de Lisboa e do Porto serem obrigados a votarem nestas cidades, podem ter contribuído para que a abstenção permanecesse alta, ou seja, cerca de 65,7% do eleitorado cadastrado não compareceu às urnas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Viva a Democracia!!!!!