quarta-feira, setembro 21, 2011

Manifesto contra preconceitos às Brasileiras

Um Manifesto em repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal acaba de ser criado por um grupo de mulheres que, através do Facebook, estão dando o que falar!
Devido ao mais recente caso de estigmatização das brasileiras na comunicação social portuguesa, através do programa da RTP, "Café Central", cuja personagem que representa uma prostituta possui sotaque brasileiro, um grupo decidiu expôr a sua indignação no facebook, e além de já ter angariado centenas de adeptos, virou notícia em outros órgãos de comunicação social portuguesa.
Ontem foi publicada uma notícia a esse respeito pelo Jornal Público, e outra pela TVI24.
Certamente, muitas outras irão surgir!



Programa "Café Central" - RTP

3 comentários:

Juliana Iorio disse...

Provedor do Telespectador - RTP
Amanhã (12 de Novembro) vai ser transmitido o VdC9 sobre o programa "Café Central", da RTP2. Os nossos convidados são a jornalista Juliana Iorio e Isabel Ferin, professora da Universidade de Coimbra. No programa vai ainda assistir a uma reportagem sobre o modo como é realizado o Café Central. A personagem “Gina” gerou alguma polémica. Acha que a “Gina” estigmatiza a mulher brasileira? Ou não? Porquê? VOZ DO CIDADÃO – Sábado (dia 12 de Novembro) às 21h, na RTP1, e Domingo (dia 13) às 13h40, na RTP2!

Juliana Iorio disse...

Programa VDC9 (Voz do Cidadão 9): http://www.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=27812&c_id=1&dif=tv&idpod=66545

Juliana Iorio disse...

Só para ficar bem claro:
Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que, infelizmente, o preconceito ainda existe, o esteriótipo contra a mulher brasileira ainda existe em Portugal, e que, se me tivessem perguntado acerca do "Manifesto contra o Preconceito à Mulher Brasileira", eu diria que, acho este Manifesto muito válido, porque veio reascender uma discussão que andava um tanto quanto adormecida, mas acho que a escolha do "Café Central", como objecto para reascender esta discussão, não foi feliz porque penso que esta deva basear-se em casos concretos de discriminação que, todos os dias, não só as mulheres brasileiras, mas qualquer imigrante sofre em Portugal.
Em segundo lugar, de facto, sou da opinião de que, por se tratar de um programa de humor, não devemos nos sentir ofendidos, e de que retirar o programa do ar seria sim um atentado à liberdade de expressão. Mas essa é a minha opinião não só sobre este programa, mas sobre todo tipo de programa que faça uma caricatura da realidade. Por exemplo, o caso da Gina, para mim, configura-se nos mesmos moldes do caso da personagem de um deficiente físico, que o actor Nuno Melo retrata no Programa "Os Contemporâneos". Por isso achei perigoso pedir para retirar esse programa do ar. Isso seria o mote para que diversos outros programas também fossem censurados e, enquanto jornalista, não posso concordar com isso. "Os Comtemporâneos" também já brincou com personagens ciganas e temos casos mais antigos, como o dos Monty Pyton por exemplo, que faziam piada com o próprio cristianismo. No Brasil, as novelas da Rede Globo não cansam de caricaturar os portugueses. Por isso temos que pensar muito bem quando pedimos censura, se não, daqui a pouco nada mais será permitido!
Em terceiro lugar, eu entendo que, num primeiro momento, as mulheres brasileiras sintam-se incomodadas ao ver a personagem Gina. No entanto, penso que se continuarem a ver o programa verão que na realidade aquela personagem não é brasileira mas sim uma portuguesa que se faz passar por uma brasileira. Logo, nesse contexto, se há alguém que poderia ficar incomodada é a mulher portuguesa, e não a brasileira. Mas o programa retrata diversos outros esteriótipos, próprios da cultura portuguesa, e, por isso, penso que não devemos ir por aí.
Temos que entender a cultura e perceber que o pré conceito sobre a mulher brasileira em Portugal não surgiu do nada. É lógico que se chama preconceito porque uma comunidade toda foi "rotulada" com base na existência de um grupo. Mas que esse grupo existiu, e ainda existe em Portugal, isso é um facto.
Em quarto lugar, quando digo que o programa faz uma caricatura da realidade não me refiro só a personagem Gina. Todas as personagens neste programa são uma caricatura de uma realidade onde o preconceito existe, o esteriótipo existe, e onde, infelizmente, ainda hoje, muitos pensam assim, não só da mulher brasileira, mas também dos outros personagens lá retratados. Por isso, ao retratar isso que uma forma "caricatural", o programa está, a meu ver, a chamar a atenção das pessoas. Toda caricatura exagera um comportamento, um "defeito" de um povo. Por isso, quando a personagem é uma mulher portuguesa querendo se passar por uma brasileira para conseguir mais "clientes", isso mostra que, infelizmente, muitos portugueses ainda pensam isso da mulher brasileira. Não acho que quem não pense, irá começar a pensar devido a um simples programa. Mas quem assim pensa, deverá parar e reavaliar o que pensa, ao perceber o quão "ridículo" são aquelas personagens esteriotipadas.
Penso que, numa democracia, o plurarismo de opiniões só é positivo. Isto é que alimenta as discussões e nos torna seres mais críticos. Por isso, em nenhum momento senti que estava deslegitimando o Manifesto. Simplesmente dei a minha opinião sobre o "Café Central" porque fui lá chamada para isso. E quando temos uma opinião, e tomamos uma posição diante das coisas, é impossível agradarmos à "gregos e troianos"!