Se isto for verdade, então estas civilizações não se podem misturar!
Bem... ontem participei de um debate na Feira do Livro, em Lisboa, onde discutiu-se a cerca deste tema, e dele tirei uma coisa muito importante: "O fenômeno da comunicação levou o homem a tomar consciência de que a diversidade existe, mas não tem como fazer que ele aceite esta diversidade".
No entanto, não podemos falar de um "choque" de civilizações, mas sim de grupos dentro de uma mesma civilização. E as diversidades culturais e religiosas têm sido aproveitadas como "motor" de muitos interesses políticos e económicos. Na história, quando houve antagonismos, os dirigentes dos países asseguravam a coesão dos mesmos, falando que tais antagonismos eram "culpa" das diferenças culturais. Mas esta visão acabou por ser muito reducionista. O problema do chamado "choque" de civilizações acabou por se tornar um problema de domínio. Se, ao longo da história, o Ocidente tem perdido o poder (o domínio), uma maneira de assegurar este poder é reduzir tudo ao "choque" de civilizações. A dominação de povos fez com que estes, ao longo dos tempos, perdessem a sua identidade. Agora, recuperá-la, não é uma tarefa nada fácil! Talvez os povos dominados hoje nem saibam qual é a sua verdadeira identidade! E sem saber qual é a nossa identidade, como podemos reclamar por cidadania?
O segundo problema se insurgiu quando foram criados os conceitos de Ocidente e Oriente e, cartograficamente, o Oriente ficou com a periferia do Mundo. Assim, as sociedades passaram a criar fronteiras de si próprias. Apesar da globalização, ainda existem diferenças substânciais nas tradições do Oriente e Ocidente. No entanto, como o mundo ocidental ainda não conhece estas tradições como deveria, acaba por criar esteriótipos acerca do que é Oriental.Temos, portanto, de um lado as comunidades políticas, económicas e tecnológicas versus, do outro lado, as tradições. E como o campo religioso é extremamente fértil no que tange a manutenção das tradições, este campo acaba por se sobrassair a outros "choques".
O mundo ocidental prega que é através da cidadania que se consegue evitar esses "choques". Mas o problema é: Será que as pessoas têm condições de serem cidadãos? Pode até haver liberdade política para tal, mas pode não haver independência económica para isto.
Se houvesse uma maior proximidade entre as civilizações, talvez o problema de "choque" entre grupos de uma mesma civilização não se colocasse.
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