Esta é outra reportagem feita por mim, que, infelizmente não foi publicada por alegada "falta de espaço".
Portanto, aqui fica mais um texto, que penso ser interessante para muitas pessoas! Desfrutem!
O género ainda influencia o voto dos portugueses?
Por Juliana Iorio
(texto protegido pelo Direito de Autor)
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O III Seminário Media, Jornalismo e Democracia, organizado pelo Centro de Investigação Media e Jornalismo, e realizado na Universidade Nova de Lisboa em Portugal, apresentou, em Novembro do ano passado, uma série de estudos que enquadram o género em temas como media, política e democracia.
“O Género em campanha: As eleições legislativas (portuguesas) de 2009”, foi um estudo realizado pela investigadora científica e professora da Universidade Católica Portuguesa, Rita Figueiras, que procurou descobrir se o género teve influência na campanha legislativa portuguesa de 2009, se esteve presente na cobertura jornalística e se influenciou as estratégias de campanha utilizadas por ambos candidatos.
Nas eleições legislativas (para Primeiro-ministro) de 2009, dos dois candidatos com maior probabilidade de vitória, um era do sexo masculino e outro era do sexo feminino. Pode-se dizer que, a nível de importância, estas eleições estiveram para Portugal, como as eleições presidenciais brasileiras estiveram para o Brasil, pois em Portugal o regime político vigente é a República Parlamentar e, neste regime, a figura do Primeiro-ministro acaba por ter mais importância do que a figura do próprio Presidente da República. Deste modo, tratava-se de uma eleição muito importante para o país.
O estudo de Rita Figueiras descobriu que, os estereótipos dos eleitores, em relação às competências e características das mulheres, influenciaram as suas decisões. A viabilidade da candidata do sexo feminino foi muito mais questionada do que a do candidato do sexo masculino, porque o eleitor levava em consideração determinados estereótipos como, por exemplo, o fato das mulheres serem consideradas mais emocionais, e os homens mais racionais.
Além disso, descobriu-se que existe um patamar de desigualdade entre candidatos do sexo masculino e feminino, no que se refere a cobertura jornalística dos mesmos. Neste estudo, o volume da cobertura jornalística do candidato do sexo masculino foi superior ao dado à candidata do sexo feminino. Por isso, a imprensa portuguesa foi apontada como representativa dos candidatos a partir das expectativas de género.
Em comparação com estudos realizados em outros países, verificou-se semelhanças nos resultados encontrados. O facto da viabilidade de uma candidata do sexo feminino ser colocada em causa foi referida como recorrente em muitas coberturas jornalísticas.
A presença feminina no parlamento português
Outro estudo de género apresentado durante este seminário discorreu sobre o tema, “Política no feminino: políticas de género e estratégias de visibilidade das deputadas parlamentares (em Portugal)”. Este estudo, financiado pela Fundação da Ciência e Tecnologia, teve início em Janeiro de 2010 e, por isso, ainda encontra-se em andamento. Através dele, sete investigadoras pretendem fazer um esboço da presença feminina no parlamento português a partir de 1975, identificando as propostas das mesmas e analisando a cobertura jornalística dada à elas.
Através da análise de jornais, este estudo tem constatado que, a representatividade feminina na Assembleia da República portuguesa tem sido modesta, ainda que se possa verificar algumas mudanças a partir de 2005. Além disso, tem sido apurado uma certa convergência no perfil dessas deputadas, transversal à todos os partidos políticos, ou seja, a maioria é licenciada, possui cerca de 43 anos e vem das chamadas “profissões intelectuais”.
Uma conclusão prévia deste estudo aponta para o fato de ainda existir uma baixa representatividade das deputadas do sexo feminino nos órgãos de comunicação social. E, quando estes as divulgam, utilizam estereótipos para fazê-lo. Nas palavras de Ana Cabreira, uma das investigadoras deste estudo, “O que é chocante é que, mesmo com o passar dos anos, os valores-notícia nas redacções jornalísticas portuguesas não mudaram. Ou seja, ainda hoje vemos representações do género feminino carregadas de estereótipos”. E neste aspecto, apesar deste estudo ainda não estar concluído, pode-se dizer que partilha da mesma opinião do estudo apresentado anteriormente.
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