Mas hoje, estimulada por um texto muito bom que uma amiga escreveu no Facebook, me apeteceu escrever… Apeteceu-me escrever porque continuo a achar que manter uma rotina é importante, mas porque também tem dias que não consigo mantê-la. Apeteceu-me escrever porque continuo a achar que devo manter-me produtiva, mas porque também tem dias que não consigo produzir. Apeteceu-me escrever porque, apesar de continuar a achar "normal" nos cobrarmos, passei a achar, cada vez mais "normal", nos "perdoarmos" por não conseguirmos manter uma rotina e produzir como se tudo estivesse normal. Não, não está nada normal.
Não é normal não ter mais aquelas dezenas de programas sobre futebol em diversos canais, apesar de isso ser uma das poucas coisas que eu considero positiva nessa crise toda;
Nao é normal, mas é compreensível, eu ter engordado 3 quilos desde que tudo isso começou, sobretudo nas últimas semanas, quando deixei de controlar a minha alimentação e comecei a comer aquilo que dá prazer...
Não é normal, mas também é compreensível, eu não conseguir focar-me e produzir como eu gostaria, uma vez que tenho trabalho só até Julho, não tenho perspectivas do que irei fazer profissionalmente a partir de Agosto, e as atuais circunstâncias não são muito promissoras neste aspecto… Hoje escutei o Presidente do Sindicato dos Funcionários das Escolas Públicas dizer que muitos destes funcionários com contrato a termo nos últimos 3 anos, e cujo mesmo acaba em julho, a partir de agosto estarão desempregados porque o governo não prevê (pelo menos até agora) um concurso para coloca-los nos quadros do funcionalismo público. Pois bem, bem vindo ao meu mundo! Não, não são só os funcionários das Escolas Públicas de Portugal que irão ficar desempregados e sem perspectivas de emprego. São muito mais pessoas, das mais variadas profissões, e muitas das quais, inclusive, já se encontram nessa situação Por isso, este problema, infelizmente, não é um privilégio dessa categoria profissional.
Também não acho normal, mas acho saudável, eu, talvez para me sentir mais produtiva e a fazer algo que realmente interessa nesse momento, ter criado um estudo sobre "O impacto da COVID-19 nos estudantes internacionais e estrangeiros em Portugal", de uma forma totalmente voluntária, sem ganhar absolutamente nada com isso, e tendo imenso trabalho para fazer. Racionalmente eu me pergunto, porque resolvi fazer isso, tendo tanto trabalho, tendo que ler e escrever artigos científicos, sem ser remunerada para tal, enfim… e tendo já tantas outras obrigações? A única resposta que consigo encontrar para isso é: O que é mais importante nesse momento? Se esse não é um momento "normal" das nossas vidas, não temos que ser "normais" e continuar a fazer o que seria "o normal".
Não, não temos que nos cobrar mais, não temos que produzir mais, não temos que estar bem o tempo todo, nem rir dessa desgraça o tempo todo. Não temos que ter uma rotina sempre, nem uma alimentação saudável sempre, e nem fazer exercícios todos os dias. Ficar em casa, sem enlouquecer, requer muito mais do que regras… Requer paz de espírito, pensamento positivo, acreditar que tudo vai ficar bem, o que, nesse momento, é quase impossível para aqueles que se dizem "normais". Portanto, entregue-se a insanidade mental do momento! Sim, você vai enlouquecer, e sim, isso será "normal"!
Continue em casa, porque isso agora é o "normal" |
1 comentário:
Sem duvida daqui prá frente , a vida será diferente do que vivíamos . Teremos que nos adaptar.e encontrar novas perspectivas que nos farão continuar a viver de forma a nos realizar como pessoas humanas que somos. Com nossos sonhos, desejos,valores, prazeres, sem perdermos nossa essência, mantendo nossa capacidade de nos sentirmos felizes e realizados como pessoa humana mantendo a sua dignidade.
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