sábado, maio 18, 2019

#WorldFamilySummit2019 - Enquanto em Portugal discutia-se o desenvolvimento sustentável a partir da Educação, o Brasil anunciava cortes na Educação...

Pode parecer um contrassenso, mas enquanto no dia 14 de Maio, no Brasil, articulava-se uma manifestação contra os cortes na Educação; em Portugal diversas entidades públicas, privadas e membros da sociedade civil em geral (entre os quais muitos brasileiros) discutiam o desenvolvimento sustentável a partir de uma "Educação de Qualidade". Isto aconteceu entre 13 e 15 de Maio, durante a edição de 2019 do World Family Summit, que foi realizado pela primeira vez em Portugal.


Para que nenhuma família seja deixada para trás, é necessário uma educação de qualidade

Mas afinal, o que é o World Family Summit?
Foi em 1947, em Paris (um ano após a criação da World Family Organization - uma organização internacional que nasceu para representar e defender os interesses das famílias no mundo) que aconteceu o primeiro Congresso Mundial da Família. Nesta altura, a recém criada Organização das Nações Unidas (ONU) esteve representada através 200 delegados e 27 nações. Em 2004, o então Secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sugeriu celebrar o 10º aniversário do Ano Internacional das Família, e a World Family Organization, juntamente com universidades e organizações não governamentais afiliadas provenientes de 189 países, criaram a primeira edição do World Family Summit.
Por isso, durante 3 dias, 34 países membros das Nações Unidas debateram, em Lisboa, 3 dos 17 objetivos globais para o desenvolvimento sustentável que fazem parte da Agenda 2030 da ONU: educação de qualidade, comunidades e cidades sustentáveis e a criação de parcerias para o alcance de tais objetivos. Esta Agenda é, portanto, um conjunto de programas, ações e diretrizes, que os países membros da ONU propõem com o intuito de erradicarem a pobreza, protegerem o planeta, e promoverem a prosperidade para todos até 2030.

#worldfamilysummit2019
Tendo como mote "O desenvolvimento sustentável começa com a Educação", a sessão plenária do dia 14, do World Family Summit, enfatizou o aprendizado ao longo da vida e através de múltiplos caminhos como um direito de todos os cidadãos e uma obrigação do Estado e da iniciativa privada. Neste sentido, António Valadas da Silva, do Instituto para o Emprego e Formação Profissional em Portugal, salientou a importância do papel da família na educação, uma vez que a formação do indivíduo não termina com o fim do ciclo de estudos, e lembrou que o combate a pobreza, a proteção do ambiente e o fortalecimento da democracia, somente são possíveis através de uma educação permanente.

Portanto, apesar da educação de hoje precisar ser repensada, as instituições de ensino superior continuam a ter um papel ativo em toda e qualquer mudança. Somente com o pensamento crítico nas universidades, com a liberdade para experimentar e ter novas ideias, as universidades poderão contribuir para um desenvolvimento sustentável e inclusivo, completou Clara Raposo, Presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) em Portugal. Somente através do debate entre as partes interessadas, as nações poderão se preparar para uma mudança de paradigma na educação.

É certo que a sessão plenária do dia 14 não teve como "keynote speaker" nenhum brasileiro… mas havia muitos a ouvir o que as outras nações tinham a dizer sobre uma educação de qualidade, e nenhuma das nações que se pronunciou retirou a importância do papel da universidade neste processo. Por isso, os professores devem estar preparados para o uso das tecnologias na sala de aula, mas como o acesso às tecnologias pode variar de país para país, os professores são os únicos que poderão contornar essa dificuldade. A importância dos professores está, portanto, justamente no facto do acesso ao conhecimento digital estar nas mãos deles e não nos objetos digitais. Um professor preparado e estimulado é capaz de decidir o que usar em suas aulas, ainda que os seus alunos não possam ter acesso direto às tecnologias, salientou o professor Millad M. SAAD, da Universidade Libanesa.

Por isso, ao ouvir no dia 14 de maio de 2019 diversos países membros das Nações Unidas exaltarem que o desenvolvimento sustentável de qualquer país começa na educação, e saber que no dia a seguir iriam haver manifestações no Brasil em protesto contra os cortes nas verbas destinadas à educação, eu tive muita dificuldade em entender o que o Brasil, apesar de ser um país membro da ONU, estava lá a fazer… Espero que os brasileiros que lá estiveram tenham realmente ouvido e interiorizado que uma educação de qualidade depende de investimento SIM, de um ensino superior de qualidade SIM, de professores preparados e motivados SIM, mas, sobretudo de liberdade para se experimentar e se ter novas ideias. Espero que todos tenham entendido que o pensamento crítico nas universidades só se constrói com debate, com participação cívica e com o exercício da cidadania. Por fim, espero que o Brasil todo tenha entendido a importância das manifestações do dia 15 de maio de 2019, e que não aceite que o direito à educação deixe de ser uma obrigação do Estado.

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