quinta-feira, outubro 07, 2021

Férias! Conhecendo Atenas e algumas poucas ilhas gregas...

 ... poucas, mas deslumbrantes!

Há muito tempo que não publico nada aqui, nem as viagens que faço, e que tanto gosto!

O facto é que, em março de 2020, quando a COVID invadiu o nosso mundo, sinceramente eu não pensei que conseguiria voltar a viajar "assim"... E quando digo "assim", quero dizer, de uma maneira "quase" normal, porque tirando as máscaras no interior dos locais, não ví muitas diferenças entre o "velho" e o "novo" normal.

No entanto, o facto é que em Setembro de 2021, eu tive o privilégio de visitar um dos países que estava na minha listinha de "países a visitar antes de morrer": a Grécia! (não que eu tenha conseguido conhecer "a Grécia", mas o que consegui conhecer, valeu!)

Como este não é um blog de viagens, este também não é um daqueles posts com dicas de viagens, onde todos falam a mesma coisa, mas que de facto nos ajudam a planejar uma viagem! Este é só um relato, através do meu olhar, sobre este país.

Então vamos começar por Atenas:

A primeira impressão que tive quando cheguei em Atenas foi: "Cheguei num país com o calor igual ao de muitas regiões do Brasil, o que para mim é insuportável!" No entanto, no meu segundo dia, o clima me presenteou com uns amenos 21 graus, ou seja, uma temperatura perfeita para visitar a Acrópole! (bendito seja o mês de setembro para se conhecer este país!) Não pretendo falar sobre a Acrópole, pois existem centenas de blogs que já o fizeram. Mas trata-se de um conjunto de ruínas grandiosas (que correspondem à edifícios que foram grandiosos, mas não são mais, que um dia o homem foi capaz de construir, depois foi capaz de destruir, e agora está tentando preservar).
Como eu que não tenho muita paciência de visitar museus, ainda mais numa cidade que é um museu a céu aberto, e que "tropeçamos" em história por todo lado, e estava mais interessada na história que Atenas está a escrever agora, após visitar a Acrópole, e ter visto o que o ateniense do passado foi capaz de fazer, tentei perceber o que o ateniense de hoje têm sido capaz de fazer. E é aí que a cidade de Atenas me deixou confusa, e com uma mistura de sentimentos!
Por um lado, ver os monumentos arqueológicos pichados, ou melhor, a cidade inteira pichada (poderão ter uma pequena ideia no vídeo abaixo), deixou-me com a sensação de que, se calhar, o ateniense de hoje, não está tão preocupado em preservar o que lhe restou da sua história quanto nós - povo dito civilizado - gostaríamos. Por outro lado, essa falta de preocupação com o passado, esse "viver e deixar viver", mais preocupado com o "carpe diem", talvez seja o indicador do porque a Grécia foi o berço da civilização ocidental e porque foi lá que nasceu a democracia. Talvez ser civilizado e viver democraticamente seja exatamente isso: Cada um fazer o quer, sem atrapalhar a vida e o futuro das outras pessoas, mas também sem se preocupar muito com o passado...
Por isso, em Atenas, quando encontra-se uma ruína no meio da rua, coloca-se uma grade em volta, e já está! Quem quiser entrar no espaço para ver a ruína mais de perto, paga e entra. Mas quem não fizer questão, vê na mesma, ainda que de longe, do lado de fora da grade. Em Atenas, ainda anda-se de moto sem capacete, ainda fala-se ao telemóvel enquanto se conduz, ainda fuma-se em qualquer lugar, e pelo jeito ninguém está muito preocupado com isso... Parece que ninguém tem medo de sofrer um acidente e morrer, devido a estar sem capacete ou porque outra pessoa que conduzia ao telefone provocou o acidente... Também parece que ninguém está muito preocupado com o facto de você ser fumador ou não... É como se pairasse no ar a seguinte filosofia de vida: "Se fumar mata, o problema é seu. Você certamente morrerá mais rápido do que eu, que sou fumante passivo, mas como todos vamos morrer um dia, não vamos nos chatear por causa disso!"
Em Atenas quase não há polícias nas ruas, mas sentimo-nos seguros! E sentimo-nos assim porque não se ouve brigas, discussões, e ninguém te incomoda. Ou seja, faça o que fizer, se não estiver a incomodar o outro, está tudo bem!
Por isso, em Atenas, o hotel não te pede certificado de COVID-19, nem teste, nem nada. Parte-se do princípio de que se você assinou um termo de responsabilidade antes de entrar no país, dizendo estar vacinado, então ninguém precisa lhe perguntar mais nada. Ou trata-se de um país que acredita muito no dever cívico ou... Apesar disso, no buffet do pequeno-almoço do hotel, havia uma placa a dizer: "Aguarde alguém para lhe servir". Contudo, como não havia ninguém para nos servir, todos os hóspedes fingiam que não sabiam ler, e serviam-se na mesma. Portanto, aqui ninguém estava a atuar com civismo, mas não havia bagunça, não havia desordem, enfim... tudo parecia muito civilizado, apesar de estarmos a infringir as ordens pré-estabelecidas...
No final de Setembro de 2021, ainda haviam muitos turistas em Atenas (pelo que ouvi, não tantos quanto na primeira quinzena deste mês), mas os cafés e restaurantes em cada esquina, as mesas nas calçadas, junto com as pessoas andando, os carros passando, as bicicletas, trotinetes, motos e os cachorros e gatos (muito gatos, bicho mesmo!), continuavam a conviver todos juntos e misturados... Todos juntos, a ocuparem o mesmo espaço, mas sem invadirem o espaço do outro... Até os gatos sabiam estar... E aí eu comecei a entender que, devido a quantidade deles, apesar do calor, não se vê ratos, baratas e outros insetos, e não se sente maus cheiros.
Em Atenas há uma descontração muito parecida com os países latino americanos, e, como disse, isso gerou um misto de sentimentos nessa sul americana, que apesar de gostar muito dessa descontração, já se acostumou a viver no continente europeu (conotado como o "mais civilizado").
Mas Atenas ainda tem outra vantagem quando comparada a muitas cidades europeias: A culinária grega, que tem uma forte influência da Turquia, faz com que toda essa dualidade de sentimentos se dissipe, e finalmente, somos conquistados e apanhados pelo estômago!
O vídeo deste post têm direitos de autor

1 comentário:

JUJU SANTIAGO disse...

Muito bom, Ju! Fiquei ainda com mais vontade de ir pra Grecia.